quinta-feira, 2 de abril de 2015

O Jalapão é Bruto!

Amigos, o Jalapão esta dominado!!!! O Jalapão é bruto!!!
Segue o meu relato dessa grande aventura, que recomendo para quem ainda não foi! Primeiramente apresento os aventureiros:
Neto (Sorocaba) - Sorocaba/SP (Quem vos escreve)
Rafael (Gimenes) - Votorantim/SP
Edivander (Vander)- Limeira/SP
Jesus (O messias) - Brasilia/DF

A viagem para o Jalapão iniciou-se em 07/Fev, quando já estavamos concentrados em Brasilia/DF.
Partimos de BSB no dia 07/2 às 07:00am e o roteiro do dia era chegar em Ponte Alta do Tocantins (Portal do Jalapão). Seriam 867kms até Ponte Alta, sendo que 65kms já quase chegando no destino, seriam de estrada de terra!!!! A rota era: Brasilia > São João D´Aliança > Alto Paraíso do Goiás > Campos Belos > Arraias > Chapada da Natividade > (65kms off) Pindorama do Tocantins e Ponte Alta do Tocantins.
Saímos de BSB debaixo de chuva fraca, e um friozinho suportável. A chuva, neblina e frio foram aumentando gradualmente assim que fomos adentrando a região da Chapada dos Veadeiros, e depois de Alto Paraíso do Goiás ainda tivemos um vento lateral ANIMAL. Agora imaginem, chuva, frio de 15 graus, e vento lateral... Isso tudo e a gente utilizando pneus OFF (3 motos com Karoo3 e 1 com SAVA/TKC). Tudo isso resulta em baixa velocidade, atenção redobrada e muita "bateção de dente"...rs porque o frio tava arregaçando!!! Mas o pensamento era um só: Que venha o JALAPÃO!!!!
Quando entramos no estado do Tocantins o tempo deu uma colaborada e já era perceptível a diferença de temperatura (27 graus), e o sol começava a aparecer timidamente, e isso colaborava muito para nosso trecho de off, pois se estivesse chovendo isso tornaria as coisas mais difíceis!
Quando chegamos em Natividade-TO, já eram por volta de 16:00hs e ainda faltavam uns 150 kms, sendo 65kms de Off. Seguimos então até o trevo que colocaria-nos em nossa primeira etapa de OFF, e essa primeira etapa seria bem tranquila,  tanto que fizemos rapidamente chegando em Ponte Alta do Tocantins por volta das 18:30hs e completamos o objetivo traçado para aquele dia. Ficamos na Pousada Águas do Jalapão, que oferece boa hospedagem, e fizemos um churras (de linguiça e queijo comprados de ultima hora) assim que chegamos! Depois capotar!
No dia 08/Fev, domingo pela manhã iniciamos os passeios pela região de Ponte Alta, e fomos rumo as seguintes atrações:
Pedra Furada

Cachoeira do Soninho

Cachoeira da Fumaça

Pedra Furada, Cachoeira do Soninho, Cachoeira da Fumaça e retorno para a pousada.
Foi um dia intenso, com muito OFF de responsa, começando com os 6kms de areão para chegar na Pedra Furada! Foi intenso, primeiro contato direto com um areão implacável, "caranguejamos" muito, mas valeu a pena, pois o visual na Pedra Furada é único!
Preferimos começar com a Pedra Furada, pois já pegaríamos o pior trecho do dia logo de inicio, pois o restante seria bem tranquilo, e assim foi. Na sequência fizemos a Cachoeira do Soninho e finalizamos com a Cachoeira da Fumaça, onde tomamos um banho de rio revigorante que nos ajudou a retornar os quase 80 kms de OFF. Foi neste mesmo rio que bebemos água, pois os reservatórios que havíamos levados já estavam secos e o calor era implacável. Bebi e enchi meus reservatórios de agua, pois ficar sem agua naquele retorno não seria nada bom! Chegamos em Ponte Alta no final da tarde, exaustos fisicamente mas com a mente leve e felizes por um dia totalmente diferente dos já vividos até ali.
Pra fechar a noite, tínhamos agendado uma janta na pousada (20,00 p/ pessoa) e a comida caseira (arroz, feijão, bife e ovo frito) foi uma das melhores que já comi na vida!!!! show!!!!
No dia 09/Fev, segunda-feira iniciamos a rota Ponte Alta do Tocantins  - Mateiros, e o planejado na noite anterior era, seguirmos até a Cachoeira da Velha / Prainha e lá montaríamos o acampamento, para então no dia seguinte chegar em Mateiros. Partimos logo cedo de Ponte Alta, e começamos mais um dia de muita aventura, logo depois dos primeiros 15 kms já faríamos uma parada para conhecer o Cânion do Sussuapara. Uma pequena trilha/caminhada de 300m e entramos dentro do Cânion. Vale a pena conhecer!

Cânion do Sussuapara

Seguimos viagem e as subidas e descidas foram aumentando, ora com pedras e muito cascalho, ora com uma areia leve, mas o pior ainda estava longe. Continuamos e a cada 5 kms a dificuldade e o areão ia aumentando e nesse ritmos fizemos até a entrada do acesso à Cachoeira da Velha (60kms saindo de PA). Do acesso até a Cachoeira da Velha ainda tínhamos 30kms de muita pedra. É incrível como o terreno muda a cada etapa que íamos concluindo. Chegamos por volta de umas 13:30hs no único ponto de apoio na região (Casa Grande). É uma área do Governo do Tocantins onde já foi uma estrutura de pousada, mas que infelizmente hoje só restaram galpões abandonados e em ruínas, mas que mesmo assim servem os viajantes que por ali passam. Montamos nosso acampamento ali, embaixo de um galpão que sobrou e tem a melhor infra-estrutura. Teríamos água, banheiro e ainda energia elétrica, pois a cia de luz havia acabado de consertar a linha. Segundo nos informaram a queda de energia e problemas com a rede naquela região eram constantes e não seria nenhuma surpresa se ficássemos sem energia ao longo de nossa estada. De qualquer forma estávamos preparados para isso, pois levamos um material de camping básico, mas que abrangia, luz, fogareiro e algumas tralhas de cozinha. É importante nesse tipo de estrada e dificuldade carregar a menor quantidade possível de bagagem, por isso reduzimos ao máximo os itens e tentamos dividir as responsabilidades de cada integrante levar um tipo de item, fazendo com que todos andassem leves. Quanto a itens pessoal, cada um tem os seus critérios, mas no geral ficamos bem instalados.
Assim que montamos as barracas, e toda estrutura de camping, nosso amigo e cozinheiro de primeira linha JESUS, preparou um arroz carreteiro com charque de ovelha, simplesmente fantástico!!! Importante ressaltar que Jesus levou comidas que não eram perecíveis, como frutas desidratadas, carne salgada, temperos desidratados..etc. Desta forma podíamos armazenar em nossa bagagem e consumir sem o problema dos alimentos perecerem. Assim que matamos o carreteiro de ovelha, fomos conhecer a Cachoeira da Velha e depois tomar um banho na prainha, que fica logo abaixo após as quedas. Um banho de rio no final da tarde, num lugar paradisíaco, tranquilo, de uma natureza exuberante. Ao voltarmos para o acampamento, um final de tarde magnifico, com muitos pássaros se aconchegando na enorme arvore ao lado do nosso acampamento. Pra finalizar requentamos o carreteiro e tomamos um vinho tinto trazido especialmente para aquela noite. Resultado foi uma noite tranquila de descanso e uma PAZ incomparável.

Acampamento "Casa Grande" 5 kms da Cachoeira da Velha

Arroz Carreteiro do Jesus

Cachoeira da Velha

Dia 10/Fev, as 05:00 da matina e o dia já clareando levantamos para desmontar todo acampamento e seguir até Mateiros. Esse seria um dos dias mais difíceis, pois o restante dessa travessia guardava os mais desafiadores trechos de nossa aventura.
Partimos da Velha às 07:00hs e voltamos os 30kms até a estrada principal que nos levaria até Mateiros. Assim que entramos de volta na estrada principal não demorou muito para os primeiros trechos difíceis aparecerem. Era muita areia, e o difícil era escolher o "melhor" dos caminhos. Mas seguíamos caranguejando e em determinados momentos até evoluíamos um pouco mais, acelerando e pegando o jeito de se andar nos areões. Quedas são quase inevitáveis, e digo que todos passaram por algum momento em que quase foram ao chão, e outros efetivamente foram ao chão.
E por falar em chão, voltemos lá na Pedra Furada!!! JESUS e VANDER foram os primeiros a experimentar o areão no acesso a Pedra Furada, e logo em seguida RAFAEL também comprou seu pedaço de chão, mas ele percebendo que não dava pra segurar sua azulona, saltou da moto para evitar qualquer tipo de lesão que pode ser causado se as pernas ficarem presas debaixo da moto. Quanto a mim que vos escrevo, posso dizer que meus quase 1,85 de altura me ajudaram MUUUITOOO, pois em qualquer situação de risco eminente de queda eu conseguia firmar os pés no chão e evitar o tombo.
Quando estávamos no "retão" em que se avista a famosa Serra do Espirito Santo, alguns trechos permitia-nos andar mais rapidamente, mas essa estrada é traiçoeira e de repente... homem ao chão!!! JESUS foi traído por um "montinho" e foi ao chão!!! Como sempre ele levantava brincando e rindo,  alias o controle emocional  é extremamente importante em um local onde não há estrutura alguma. JESUS sempre bem humorado e perseverante, mais uma vez levantou, tirou fotos...etc. Depois avaliamos os danos e as condições de continuar, e  prosseguimos até a entrada das Dunas do Deserto do Jalapão, onde paramos para descansar em um posto de controle/acesso as Dunas. Logo a frente a famosa parada da BENITA. Local onde muitos viajantes são acolhidos e também fazem camping no local.  Como a energia estava mais uma vez "fora do ar", não havia uma bebida gelada para nos refrescar, mas pelo menos conseguimos uma água para beber.

Jesus Guerreiro!

Seguimos em frente e por volta das 14:30 chegamos em Mateiros. Fomos direto para um dos únicos 2 postos de gasolina da cidade e abastecemos as motocas ao salgado preço de R$ 4,30 o litro da gasolina. Depois nos instalamos na Pousada Santa Helena, que também foi uma ótima opção em nosso trajeto. Após descarregarmos as motos, nos reunimos com Jesus e com muita coerência e sabedoria, ele preferiu abortar o restante dos passeios que faríamos no dia seguinte, e acionou a seguradora, pois continuar seria um grande risco para ele devido as fortes dores que ele nos relatava na região das costelas. Mais tarde saberíamos que ele fraturou duas costelas!!!! De qualquer forma chegar até ali e passar por tudo que havíamos passado, já era um grande feito!!! E JESUS sabia disso, por isso no outro dia seguiu em retorno para Brasilia com o apoio 4x4 da Porto Seguro e sua moto também seguiu via Guincho. Ainda neste mesmo dia, fomos para as exuberantes e lindas Dunas do Deserto do Jalapão, para contemplar o por do Sol, porém devido ao horário e condições, conseguimos uma carona e fomos de 4x4 pois era mais rápido e evitaríamos mais desgastes, nos resguardando para o dia seguinte. Assim que voltamos das Dunas, achamos uma pizza do Carioca, isso mesmo Pizza de Carioca no meio do Jalapão!!!! Jantamos e fomos dormir pois foi um dia pesado, e merecia uma boa noite de sono!

Dunas do Jalapão

Dia 11/Fev, tomamos um bom café da manhã, nos despedimos de Jesus, e agora eramos 3!!! Seguimos primeiramente para os Ferverdouros, que são um espetáculo a parte, uma água cristalina em uma nascente que brota com força do solo, fazendo com que você flutue. Realmente uma experiência ímpar foi estar ali, naquele lugar. Seguindo em frente, fomos direto para o Povoado do Mumbuca, onde chegamos próximo ao horário do almoço, e ali mesmo encomendamos o nosso almoço caseiro. Enquanto esperávamos o nosso almoço, visitamos toda comunidade, e conhecemos o artesanato de Capim Dourado que é feito ali mesmo, e foi repassado de geração para geração. O povoado de Mumbuca foi formado  por uma mistura de Índio com Caboclo, que gerou um povo amistoso, tranquilo e que foi capaz de vencer os desafios da região. A vila é bem tranquila, pudemos ficar ali sentados a frente de uma casinha "restaurante" de paredes de barro, e por quase 1 hora ficamos ali, num clima tranquilo, que chega até dar sono. Definitivamente a vida passa mais devagar nesse lugar. Quando chegou nossa comida, era muita fartura!!! Frango frito, mandioca frita (colhida ali mesmo), feijão e farinha de mandioca, tudo caseiro e feito com muito carinho! Devidamente alimentados, era hora de voltar ao nosso ritmo normal!!! Seguimos então para o desafio do dia!!! Cachoeira da Formiga!!!! O acesso a Cachoeira da Formiga são 5kms de areão dos bravos!!! Quando chegamos no acesso, entramos e foi mais um momento de diversão, pois sabíamos que o que nos esperava valia qualquer esforço! Dessa vez acelerávamos com mais precisão e a medida que íamos pegando mais confiança, andávamos melhor no areão, do jeito que deve ser! Chegamos na Cachoeira da Formiga e já fomos direto para um mergulho em águas verde-esmeralda. Puro Êxtase!!! Ficamos um bom tempo ali apreciando aquele lugar de beleza única.

Fervedouro dos Bananais

Povoado de Mumbuca

Cachoeira da Formiga

Águas verde-esmeralda

No retorno, muito areão novamente, mas já estávamos andando bem melhor, pois vai se pegando o "jeito" de se andar no areão. Fizemos uma volta rápida e segura. Andamos forte, acelerando mesmo! É aí que você percebe que pra se andar na areia, tem que enrolar o cabo e ter a leveza certa para deixar a moto bailar, com o controle necessário. Nesse dia, assim que chegamos e fomos direto para o Posto de Gasolina de nome sugestivo "Rally", senti que estava menos cansado fisicamente do que nos outros dias, pois andando em alta, se exige menos das pernas que não ficam mais caranguejando, e consequentemente tornasse menos desgastante.  Abastecemos e fomos para a Pousada.
Em nossa última noite no Jalapão, a convite de um casal aventureiro muito simpático, de Barretos/SP (Chiquinho) que estavam na estrada (a bordo de uma S10 4x4) há 50 dias, fomos jantar em uma fazenda de nome 21, que preparava uma ótima comida caseira. Ficamos ali batendo papo e definindo nossa rota de retorno a Brasilia.
Dia 12/Fev. O retorno! Decidimos continuar andando em frente, e não voltar por Ponte Alta do Tocantins. A rota de retorno seria pela Pedra da Baliza (encontros dos estados do Tocantins, Maranhão, Bahia e Piauí). De lá seguiríamos até o povoado de Panambi no extremo oeste da Bahia e depois adentraríamos novamente no Tocantins, chegando em Dianópolis/TO. Porém para traçar essa rota, anotamos todos os pontos de entroncamento em um papel que ficou no painel de minha moto, pois se perder naquelas estradas é muito fácil, e errar um caminho ali significa ficar sem combustível, pois não há civilização, tão pouco estrutura para apoio por perto. Anotamos tudo direitinho, motos prontas, abastecidas, saímos de Mateiros às 06:30hs. e nosso primeiro ponto de parada seria à 80kms dali, no povoado de Panambi. Como partimos cedo, pudemos apreciar o amanhecer, e vimos muitos animais típicos da região, como veado campeiro, muitas maritacas e outros pássaros que nem sei de quais especies eram. A paisagem, o clima, tudo é atrativo e faz com que a viagem fique prazerosa. Só quem gosta de motocar entende o que estou dizendo. Fazer parte dessa paisagem, sentir os cheiros do lugar, tudo isso não há foto ou vídeo que traduzam esse sentimento. Mas como qualquer aventura, tem que ter imprevistos, eis que eles apareceram novamente. O VANDER, teve a infelicidade de colocar o celular (com MUITAS FOTOS e VIDEOS) dentro da bolsa onde guardava a capa de chuva e amarrou no banco da moto, porém com a trepidação da estrada essa bolsa caiu em algum lugar desses 80kms percorridos, mas ele só percebeu quando paramos em uma pequena lanchonete no povoado do Panambi/BA. Seria quase impossível tentar narrar aqui o semblante de desespero do VANDER ao perceber tamanha perda!!! Ele literalmente entrou em desespero, e quase sem pensar retornou pela estrada e saiu em disparada para retorno de alguns quilômetros, na tentativa quase que insana de encontrar um celular num trecho de 80kms de areia, terra...etc..etc... Ficamos eu e RAFAEL ali sentados naquela lanchonete sem saber o que dizer ou fazer, pois voltar aqueles 80kms seria complicado e arriscado demais, primeiro porque não tínhamos combustível para isso, segundo, seria muito difícil de saber exatamente onde havia se perdido o celular. Passaram-se 15 à 20 minutos aproximadamente e VANDER retorna ainda ofegante e preocupado. Estacionou sua moto, desceu e correu em direção a um galpão que parecia ser uma oficina mecânica à uns 300 metros da lanchonete onde estávamos. Conversou com um senhor que ali estava e repentinamente adentrou ao carro dele. Corri até ele, e ele me disse: - Deixe minha moto na lanchonete e sigam que vou retornar até onde for necessário, pois sem minhas fotos e videos, eu não fico! O Jalapão é um lugar de natureza e beleza ímpar, e por mais que tentássemos nos colocar no lugar do VANDER, só ele poderia saber o que é a perda de quase todo seu material de recordação daquela viagem. Videos, fotos, lembranças que estavam todas registradas no seu celular! Talvez isso explique toda aquela correria, euforia que fez ele sair em disparada.
Falamos com a dona da Lanchonete, que prontificou-se a guardar bagagem e moto do VANDER, e então seguimos viagem, pois naquela altura do dia e do lugar onde estávamos, não nos restava outra opção. Antes de sairmos, confirmamos nossa rota, pois de Panambi para Brasilia, existem duas principais rotas: Via Eduardo Magalhães/BA e depois praticamente uma RETA só até Brasilia (caminho mais rápido), ou poderíamos seguir descendo pelo Tocantins, adentrar novamente na Chapada dos Veadeiros, e também chegar a Brasilia. Ambos os caminhos, obrigatoriamente passaríamos por Dianópolis/TO onde seria mais uma de nossas paradas estratégicas para abastecimento, limpeza e lubrificação da transmissão. Como queríamos fazer uma caminho mais próximo a natureza e parar para conhecer o famoso “Rio Azuis” que fica a 26km de Taguatinga/TO, mais precisamente situado no município de Aurora do Tocantins seguimos do povoado de Panambi/BA para Dianópolis (60kms) ainda em estrada de terra/areia. Agora somente RAFAEL e eu, em um ritmo forte, aceleramos aqueles últimos 60kms de terra e areia em meio a uma estrada diferente de tudo que já havia visto na vida. Uma estrada com plantações de soja de ambos os lados, sem nenhuma placa, civilização, veículos, simplesmente 60 kms de nada no meio do nada. Restava somente acelerar com força e superar os trechos pequenos, mas de bastante areia. Como estávamos andando acima dos 100km/h superávamos os trechos de areia com mais suavidade e a sensação de superação e adrenalina contagiava nossos espíritos! Foi uma experiência gratificante estar ali, e tão logo percebemos já avistávamos ao final do horizonte o que há dias não tínhamos mais embaixo dos pneus, ASFALTO!!!! Assim que toquei o solo asfaltado, senti que ali tinha completado mais um ciclo de aprendizagem de minha vida, pois nos últimos dias havia rodado nos mais difíceis tipos de terreno que um bom aventureiro gostaria de enfrentar, e passar tudo que passamos e chegar até ali, pra mim, um aprendiz, foi com certeza uma imensa recompensa. Paramos ali, tirei algumas fotos, ajoelhei e agradeci a Deus, por ter superado o Jalapão sem levar sequer uma queda! Sei que faz parte comprar um terreno no Jalapão, mas não foi desta vez! Quem sabe numa próxima, pois cair também faz parte do aprendizado! 
Extremo oeste da Bahia

Inicio das estradas de ASFALTO!

Seguimos então até Dianópolis/TO, cidade já com estrutura completa, paramos para abastecer, limpeza de correntes..etc. Seguimos em direção a Taguatinga/TO por estradas asfaltadas, mas tranquilas, quase sem movimento, cruzando pequenas cidades e despertando a curiosidade do povo pacato. Depois de 100kms de Dianópolis, chegamos em Taguatinga/TO onde fizemos novo abastecimento e confirmamos a rota para o povoado dos Azuis, onde esta localizado o Rio dos Azuis. A propósito, o Rio dos Azuis é o menor rio do Brasil, com 147 metros de extensão, e como o próprio nome diz, suas águas são azuis! Saindo de Taguatinga são 25kms até a entrada do povoado dos Azuis, seguimos por 2 kms até o famoso Rio. No lugar tem boa estrutura em volta do pequeno rio, restaurantes e lanchonetes servem peixes e petiscos para os turistas que ali chegam. Tiramos fotos, fizemos videos, e como o calor era intenso, praticamente pulamos de roupa e tudo naquela água cristalina e refrescante! Almoçamos, tentei contato com o VANDER, mas infelizmente não consegui, e estávamos preocupados, querendo saber se a busca havia sido positiva, e como poderíamos combinar de se reencontrar. 

Rio do "Azuis"
Águas cristalinas e o menor Rio do Brasil

Seguimos viagem, continuamos pelo interior do Tocantins, adentramos no estado do Goias, passamos por uma rigorosa fiscalização da Policia Civil do Goias, que na verdade estava mais a procura de veículos roubados, pois nem quiseram verificar as habilitações, somente os documentos das motos, e a famosa curiosidade de onde estão vindo, e tudo acaba transformando-se em um informal bate-papo. Devidamente liberados, continuamos e já quase no entardecer entramos no trecho de Chapada dos Veadeiros, e pudemos desta vez contemplar um final de tarde espetacular, com lindos vales, montanhas e verdadeiras “pinturas”. Lembrando que, quando subimos para o Jalapão pegamos todo o trecho da Chapada com chuva, neblina e ventos laterais, impossibilitando-nos de contemplar aquele trecho. A escolha dessa rota para retorno foi um grande ACERTO, pois valeu a pena cada km percorrido. 

Estrada que margeia a Chapada dos Veadeiros

Final de tarde nas proximidades da Chapada 


Seguimos pela chapada até o último raiar do sol, contemplando aquela estrada cheia de beleza, e chegamos em Brasilia já era noite e havíamos rodado 860kms, para nosso ultimo pernoite até o retorno para Sorocaba/SP. Nossa conversa no quarto de hotel era, por onde anda VANDER? Será que conseguiu localizar o celular? Será que dormirá em alguma cidade? Tentei ligar novamente no celular, pois poderia ter achado, e estar ligado, mas nada, somente caixa postal. Continuamos conversando e refletindo sobre toda nossa viagem, e o que tínhamos passado até chegar ali, e de repente.... "Toc"..."Toc"... Pergunto ao RAFAEL: Você pediu alguma coisa? RAFAEL responde: - Não! Então, eu abro a porta, já passava das 23:00hs, e pra nossa surpresa, era o VANDER!!! Foi uma sensação muito boa, reencontrar nosso amigo aventureiro que saiu em sua busca frenética pelo celular perdido, depois de 860kms e mais de 10 horas de viagem. A diferença de chegada a Brasilia entre nós e o VANDER foi pouco mais de 2 horas, e descobrimos que ele veio MUITO rápido pois utilizou a rota de PANAMBI/BA > DIANÓPOLIS/TO > EDUARDO MAGALHÃES/BA e veio em uma RETA de 500kms de excelente asfalto até chegar em Brasilia. Agora vamos ao que mais interessa nessa busca frenética do VANDER, ele voltou de carro os 80 kms até Mateiros e voltaram mais 80 kms até Panambi/BA, mas infelizmente não encontrou o celular perdido. Parou e conversou com moradores de Mateiros e Panambi e até fez um apelo em uma rádio comunitária em PANAMBI oferecendo uma recompensa caso alguém tivesse encontrado o celular, pois o que mais importava ali eram as fotos e videos de uma viagem inesquecível. Depois da busca em “vão” e do anuncio na rádio, VANDER seguiu viagem pelo caminho mais rápido e enrolou o cabo com força nos 500kms de reta até Brasilia. Naquela última noite ficamos por horas conversando sobre tudo que havíamos vivido até ali, foi muito gratificante terminar o dia com todos nós juntos ali novamente.
Dia 13/Fev, levantamos mais tarde nesse dia, e nos reencontramos os 4 aventureiros do Jalapão (Eu, VANDER, RAFAEL e JESUS) para tomarmos um café da manhã e saber mais detalhes sobre as condições físicas do JESUS, pois ele havia retornado antes com dores nas costelas. JESUS nos mostrou o raio-x e o saldo era de 2 costelas quebradas, mas mesmo assim era foi demais ver a cara de alegria do JESUS mesmo que “avariado” fisicamente, ele parecia que levantava aquele raio-x como forma de um troféu, uma recompensa por ter vivido uma das aventuras mais intensas que um bom homem pode viver. O que fica dessa experiência, é a amizade fortalecida, os lugares o qual passamos e vivenciamos, tudo isso ninguém nos tira, levaremos conosco esses momentos intensamente vividos, pois a vida é uma passagem, da qual devemos aproveitar para fazer o bem e conhecer o que o Mestre de todos os Mestres nos colocou à disposição. Após essa confraternização em Brasilia, exatamente ao meio dia do dia 13/fev seguimos de Brasilia para nossas famílias em um trajeto de 1.100 kms, finalizando um ciclo na minha vida, e nas vidas do demais amigos e companheiros dessa grande estrada, chamada VIDA! Obrigado a todos e até a próxima!....
Ops! Adivinha o que aconteceu depois de alguns dias que voltamos do Jalapão??? Uma boa alma entrou em contato com os números do celular do VANDER informando que havia encontrado o tão procurado dito cujo!!! Ele não satisfeito, ainda voltou (de 4x4) no Jalapão, ficou mais 1 semana e resgatou o celular mais procurado de toda América Latina!!!!! Agora sim temos um final completamente FELIZ!!!

Forte Abraço,

     Eunapio Neto (NETO-SOROCABA)







2 comentários:

  1. Que história, meu amigo!

    Valeu pelo relato, Netão! Belíssima crônica!

    Feliz pela recuperaçãoda saúde do Jesus e pela odisséia exitosa do Wander em recuperar seu tão estimado celular (rs)... claro, o que mais vale realmentesão os registros dessa aventura inesquecível.

    Parabéns aos quatro guerreiros!

    RicBoris

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