Amigos, o Jalapão
esta dominado!!!! O Jalapão é bruto!!!
Segue o meu relato
dessa grande aventura, que recomendo para quem ainda não foi! Primeiramente
apresento os aventureiros:
Neto (Sorocaba) -
Sorocaba/SP (Quem vos escreve)
Rafael (Gimenes)
- Votorantim/SP
Edivander
(Vander)- Limeira/SP
Jesus (O messias)
- Brasilia/DF
A viagem para o Jalapão iniciou-se em 07/Fev,
quando já estavamos concentrados em Brasilia/DF.
Partimos de BSB no dia 07/2 às 07:00am e o
roteiro do dia era chegar em Ponte Alta do Tocantins (Portal do Jalapão).
Seriam 867kms até Ponte Alta, sendo que 65kms já quase chegando no destino,
seriam de estrada de terra!!!! A rota era: Brasilia > São João D´Aliança
> Alto Paraíso do Goiás > Campos Belos > Arraias > Chapada da
Natividade > (65kms off) Pindorama do Tocantins e Ponte Alta do Tocantins.
Saímos de BSB debaixo de chuva fraca, e um
friozinho suportável. A chuva, neblina e frio foram aumentando gradualmente
assim que fomos adentrando a região da Chapada dos Veadeiros, e depois de Alto
Paraíso do Goiás ainda tivemos um vento lateral ANIMAL. Agora imaginem, chuva,
frio de 15 graus, e vento lateral... Isso tudo e a gente utilizando pneus OFF
(3 motos com Karoo3 e 1 com SAVA/TKC). Tudo isso resulta em baixa velocidade,
atenção redobrada e muita "bateção de dente"...rs porque o frio tava
arregaçando!!! Mas o pensamento era um só: Que venha o JALAPÃO!!!!
Quando entramos no estado do Tocantins o tempo
deu uma colaborada e já era perceptível a diferença de temperatura (27 graus),
e o sol começava a aparecer timidamente, e isso colaborava muito para nosso
trecho de off, pois se estivesse chovendo isso tornaria as coisas mais
difíceis!
Quando chegamos em Natividade-TO, já eram por
volta de 16:00hs e ainda faltavam uns 150 kms, sendo 65kms de Off. Seguimos
então até o trevo que colocaria-nos em nossa primeira etapa de OFF, e essa
primeira etapa seria bem tranquila,
tanto que fizemos rapidamente chegando em Ponte Alta do Tocantins por
volta das 18:30hs e completamos o objetivo traçado para aquele dia. Ficamos na
Pousada Águas do Jalapão, que oferece boa hospedagem, e fizemos um churras (de
linguiça e queijo comprados de ultima hora) assim que chegamos! Depois capotar!
No dia 08/Fev, domingo pela manhã iniciamos os
passeios pela região de Ponte Alta, e fomos rumo as seguintes atrações:
Pedra Furada
Cachoeira do Soninho
Cachoeira da Fumaça
Pedra Furada, Cachoeira do Soninho, Cachoeira
da Fumaça e retorno para a pousada.
Foi um dia intenso, com muito OFF de responsa,
começando com os 6kms de areão para chegar na Pedra Furada! Foi intenso,
primeiro contato direto com um areão implacável, "caranguejamos"
muito, mas valeu a pena, pois o visual na Pedra Furada é único!
Preferimos começar com a Pedra Furada, pois já
pegaríamos o pior trecho do dia logo de inicio, pois o restante seria bem
tranquilo, e assim foi. Na sequência fizemos a Cachoeira do Soninho e
finalizamos com a Cachoeira da Fumaça, onde tomamos um banho de rio revigorante
que nos ajudou a retornar os quase 80 kms de OFF. Foi neste mesmo rio que bebemos
água, pois os reservatórios que havíamos levados já estavam secos e o calor era
implacável. Bebi e enchi meus reservatórios de agua, pois ficar sem agua
naquele retorno não seria nada bom! Chegamos em Ponte Alta no final da tarde,
exaustos fisicamente mas com a mente leve e felizes por um dia totalmente
diferente dos já vividos até ali.
Pra fechar a noite, tínhamos agendado uma
janta na pousada (20,00 p/ pessoa) e a comida caseira (arroz, feijão, bife e
ovo frito) foi uma das melhores que já comi na vida!!!! show!!!!
No dia 09/Fev, segunda-feira iniciamos a rota
Ponte Alta do Tocantins - Mateiros, e o
planejado na noite anterior era, seguirmos até a Cachoeira da Velha / Prainha e
lá montaríamos o acampamento, para então no dia seguinte chegar em Mateiros.
Partimos logo cedo de Ponte Alta, e começamos mais um dia de muita aventura,
logo depois dos primeiros 15 kms já faríamos uma parada para conhecer o Cânion
do Sussuapara. Uma pequena trilha/caminhada de 300m e entramos dentro do
Cânion. Vale a pena conhecer!
Cânion do Sussuapara
Seguimos viagem e as subidas e descidas foram
aumentando, ora com pedras e muito cascalho, ora com uma areia leve, mas o pior
ainda estava longe. Continuamos e a cada 5 kms a dificuldade e o areão ia
aumentando e nesse ritmos fizemos até a entrada do acesso à Cachoeira da Velha
(60kms saindo de PA). Do acesso até a Cachoeira da Velha ainda tínhamos 30kms
de muita pedra. É incrível como o terreno muda a cada etapa que íamos
concluindo. Chegamos por volta de umas 13:30hs no único ponto de apoio na região
(Casa Grande). É uma área do Governo do Tocantins onde já foi uma estrutura de
pousada, mas que infelizmente hoje só restaram galpões abandonados e em ruínas,
mas que mesmo assim servem os viajantes que por ali passam. Montamos nosso
acampamento ali, embaixo de um galpão que sobrou e tem a melhor
infra-estrutura. Teríamos água, banheiro e ainda energia elétrica, pois a cia
de luz havia acabado de consertar a linha. Segundo nos informaram a queda de
energia e problemas com a rede naquela região eram constantes e não seria
nenhuma surpresa se ficássemos sem energia ao longo de nossa estada. De
qualquer forma estávamos preparados para isso, pois levamos um material de camping
básico, mas que abrangia, luz, fogareiro e algumas tralhas de cozinha. É importante
nesse tipo de estrada e dificuldade carregar a menor quantidade possível de
bagagem, por isso reduzimos ao máximo os itens e tentamos dividir as
responsabilidades de cada integrante levar um tipo de item, fazendo com que
todos andassem leves. Quanto a itens pessoal, cada um tem os seus critérios,
mas no geral ficamos bem instalados.
Assim que montamos as barracas, e toda
estrutura de camping, nosso amigo e cozinheiro de primeira linha JESUS,
preparou um arroz carreteiro com charque de ovelha, simplesmente fantástico!!!
Importante ressaltar que Jesus levou comidas que não eram perecíveis, como
frutas desidratadas, carne salgada, temperos desidratados..etc. Desta forma
podíamos armazenar em nossa bagagem e consumir sem o problema dos alimentos
perecerem. Assim que matamos o carreteiro de ovelha, fomos conhecer a Cachoeira
da Velha e depois tomar um banho na prainha, que fica logo abaixo após as
quedas. Um banho de rio no final da tarde, num lugar paradisíaco, tranquilo, de
uma natureza exuberante. Ao voltarmos para o acampamento, um final de tarde
magnifico, com muitos pássaros se aconchegando na enorme arvore ao lado do
nosso acampamento. Pra finalizar requentamos o carreteiro e tomamos um vinho
tinto trazido especialmente para aquela noite. Resultado foi uma noite
tranquila de descanso e uma PAZ incomparável.
Acampamento "Casa Grande" 5 kms da Cachoeira da Velha
Arroz Carreteiro do Jesus
Cachoeira da Velha
Dia 10/Fev, as 05:00 da matina e o dia já
clareando levantamos para desmontar todo acampamento e seguir até Mateiros.
Esse seria um dos dias mais difíceis, pois o restante dessa travessia guardava
os mais desafiadores trechos de nossa aventura.
Partimos da Velha às 07:00hs e voltamos os
30kms até a estrada principal que nos levaria até Mateiros. Assim que entramos
de volta na estrada principal não demorou muito para os primeiros trechos
difíceis aparecerem. Era muita areia, e o difícil era escolher o
"melhor" dos caminhos. Mas seguíamos caranguejando e em determinados
momentos até evoluíamos um pouco mais, acelerando e pegando o jeito de se andar
nos areões. Quedas são quase inevitáveis, e digo que todos passaram por algum
momento em que quase foram ao chão, e outros efetivamente foram ao chão.
E por falar em chão, voltemos lá na Pedra
Furada!!! JESUS e VANDER foram os primeiros a experimentar o areão no acesso a
Pedra Furada, e logo em seguida RAFAEL também comprou seu pedaço de chão, mas
ele percebendo que não dava pra segurar sua azulona, saltou da moto para evitar
qualquer tipo de lesão que pode ser causado se as pernas ficarem presas debaixo
da moto. Quanto a mim que vos escrevo, posso dizer que meus quase 1,85 de
altura me ajudaram MUUUITOOO, pois em qualquer situação de risco eminente de
queda eu conseguia firmar os pés no chão e evitar o tombo.
Quando estávamos no "retão" em que se avista a
famosa Serra do Espirito Santo, alguns trechos permitia-nos andar mais
rapidamente, mas essa estrada é traiçoeira e de repente... homem ao chão!!!
JESUS foi traído por um "montinho" e foi ao chão!!! Como sempre ele
levantava brincando e rindo, alias o
controle emocional é extremamente
importante em um local onde não há estrutura alguma. JESUS sempre bem humorado
e perseverante, mais uma vez levantou, tirou fotos...etc. Depois avaliamos os
danos e as condições de continuar, e
prosseguimos até a entrada das Dunas do Deserto do Jalapão, onde paramos
para descansar em um posto de controle/acesso as Dunas. Logo a frente a famosa
parada da BENITA. Local onde muitos viajantes são acolhidos e também fazem
camping no local. Como a energia estava
mais uma vez "fora do ar", não havia uma bebida gelada para nos
refrescar, mas pelo menos conseguimos uma água para beber.
Jesus Guerreiro!
Seguimos em frente e por volta das 14:30
chegamos em Mateiros. Fomos direto para um dos únicos 2 postos de gasolina da
cidade e abastecemos as motocas ao salgado preço de R$ 4,30 o litro da
gasolina. Depois nos instalamos na Pousada Santa Helena, que também foi uma
ótima opção em nosso trajeto. Após descarregarmos as motos, nos reunimos com
Jesus e com muita coerência e sabedoria, ele preferiu abortar o restante dos
passeios que faríamos no dia seguinte, e acionou a seguradora, pois continuar
seria um grande risco para ele devido as fortes dores que ele nos relatava na
região das costelas. Mais tarde saberíamos que ele fraturou duas costelas!!!!
De qualquer forma chegar até ali e passar por tudo que havíamos passado, já era
um grande feito!!! E JESUS sabia disso, por isso no outro dia seguiu em retorno
para Brasilia com o apoio 4x4 da Porto Seguro e sua moto também seguiu via
Guincho. Ainda neste mesmo dia, fomos para as exuberantes e lindas Dunas do Deserto
do Jalapão, para contemplar o por do Sol, porém devido ao horário e condições,
conseguimos uma carona e fomos de 4x4 pois era mais rápido e evitaríamos mais
desgastes, nos resguardando para o dia seguinte. Assim que voltamos das Dunas,
achamos uma pizza do Carioca, isso mesmo Pizza de Carioca no meio do
Jalapão!!!! Jantamos e fomos dormir pois foi um dia pesado, e merecia uma boa
noite de sono!
Dunas do Jalapão
Dia 11/Fev, tomamos um bom café da manhã, nos
despedimos de Jesus, e agora eramos 3!!! Seguimos primeiramente para os
Ferverdouros, que são um espetáculo a parte, uma água cristalina em uma
nascente que brota com força do solo, fazendo com que você flutue. Realmente
uma experiência ímpar foi estar ali, naquele lugar. Seguindo em frente, fomos direto
para o Povoado do Mumbuca, onde chegamos próximo ao horário do almoço, e ali
mesmo encomendamos o nosso almoço caseiro. Enquanto esperávamos o nosso almoço,
visitamos toda comunidade, e conhecemos o artesanato de Capim Dourado que é
feito ali mesmo, e foi repassado de geração para geração. O povoado de Mumbuca
foi formado por uma mistura de Índio com
Caboclo, que gerou um povo amistoso, tranquilo e que foi capaz de vencer os
desafios da região. A vila é bem tranquila, pudemos ficar ali sentados a frente
de uma casinha "restaurante" de paredes de barro, e por quase 1 hora
ficamos ali, num clima tranquilo, que chega até dar sono. Definitivamente a
vida passa mais devagar nesse lugar. Quando chegou nossa comida, era muita
fartura!!! Frango frito, mandioca frita (colhida ali mesmo), feijão e farinha
de mandioca, tudo caseiro e feito com muito carinho! Devidamente alimentados,
era hora de voltar ao nosso ritmo normal!!! Seguimos então para o desafio do
dia!!! Cachoeira da Formiga!!!! O acesso a Cachoeira da Formiga são 5kms de areão
dos bravos!!! Quando chegamos no acesso, entramos e foi mais um momento de
diversão, pois sabíamos que o que nos esperava valia qualquer esforço! Dessa
vez acelerávamos com mais precisão e a medida que íamos pegando mais
confiança, andávamos melhor no areão, do jeito que deve ser! Chegamos na
Cachoeira da Formiga e já fomos direto para um mergulho em águas
verde-esmeralda. Puro Êxtase!!! Ficamos um bom tempo ali apreciando aquele
lugar de beleza única.
Fervedouro dos Bananais
Povoado de Mumbuca
Cachoeira da Formiga
Águas verde-esmeralda
No retorno, muito areão novamente, mas já estávamos
andando bem melhor, pois vai se pegando o "jeito" de se andar no
areão. Fizemos uma volta rápida e segura. Andamos forte, acelerando mesmo! É
aí que você percebe que pra se andar na areia, tem que enrolar o cabo e ter a
leveza certa para deixar a moto bailar, com o controle necessário. Nesse dia,
assim que chegamos e fomos direto para o Posto de Gasolina de nome sugestivo
"Rally", senti que estava menos cansado fisicamente do que nos outros
dias, pois andando em alta, se exige menos das pernas que não ficam mais
caranguejando, e consequentemente tornasse menos desgastante. Abastecemos e fomos para a Pousada.
Em nossa última noite no Jalapão, a convite de
um casal aventureiro muito simpático, de Barretos/SP (Chiquinho) que estavam na
estrada (a bordo de uma S10 4x4) há 50 dias, fomos jantar em uma fazenda de
nome 21, que preparava uma ótima comida caseira. Ficamos ali batendo papo e
definindo nossa rota de retorno a Brasilia.
Dia 12/Fev. O retorno! Decidimos continuar
andando em frente, e não voltar por Ponte Alta do Tocantins. A rota de retorno
seria pela Pedra da Baliza (encontros dos estados do Tocantins, Maranhão, Bahia
e Piauí). De lá seguiríamos até o povoado de Panambi no extremo oeste da Bahia
e depois adentraríamos novamente no Tocantins, chegando em Dianópolis/TO. Porém
para traçar essa rota, anotamos todos os pontos de entroncamento em um papel
que ficou no painel de minha moto, pois se perder naquelas estradas é muito
fácil, e errar um caminho ali significa ficar sem combustível, pois não há
civilização, tão pouco estrutura para apoio por perto. Anotamos tudo
direitinho, motos prontas, abastecidas, saímos de Mateiros às 06:30hs. e nosso
primeiro ponto de parada seria à 80kms dali, no povoado de Panambi. Como
partimos cedo, pudemos apreciar o amanhecer, e vimos muitos animais típicos da
região, como veado campeiro, muitas maritacas e outros pássaros que nem sei de
quais especies eram. A paisagem, o clima, tudo é atrativo e faz com que a
viagem fique prazerosa. Só quem gosta de motocar entende o que estou dizendo.
Fazer parte dessa paisagem, sentir os cheiros do lugar, tudo isso não há foto
ou vídeo que traduzam esse sentimento. Mas como qualquer aventura, tem que ter
imprevistos, eis que eles apareceram novamente. O VANDER, teve a infelicidade
de colocar o celular (com MUITAS FOTOS e VIDEOS) dentro da bolsa onde guardava
a capa de chuva e amarrou no banco da moto, porém com a trepidação da estrada
essa bolsa caiu em algum lugar desses 80kms percorridos, mas ele só percebeu
quando paramos em uma pequena lanchonete no povoado do Panambi/BA. Seria quase
impossível tentar narrar aqui o semblante de desespero do VANDER ao perceber
tamanha perda!!! Ele literalmente entrou em desespero, e quase sem pensar
retornou pela estrada e saiu em disparada para retorno de alguns quilômetros, na
tentativa quase que insana de encontrar um celular num trecho de 80kms de
areia, terra...etc..etc... Ficamos eu e RAFAEL ali sentados naquela lanchonete
sem saber o que dizer ou fazer, pois voltar aqueles 80kms seria complicado e
arriscado demais, primeiro porque não tínhamos combustível para isso, segundo, seria
muito difícil de saber exatamente onde havia se perdido o celular. Passaram-se
15 à 20 minutos aproximadamente e VANDER retorna ainda ofegante e preocupado. Estacionou
sua moto, desceu e correu em direção a um galpão que parecia ser uma oficina
mecânica à uns 300 metros da lanchonete onde estávamos. Conversou com um senhor
que ali estava e repentinamente adentrou ao carro dele. Corri até ele, e ele me
disse: - Deixe minha moto na lanchonete e sigam que vou retornar até onde for
necessário, pois sem minhas fotos e videos, eu não fico! O Jalapão é um lugar
de natureza e beleza ímpar, e por mais que tentássemos nos colocar no lugar do
VANDER, só ele poderia saber o que é a perda de quase todo seu material de
recordação daquela viagem. Videos, fotos, lembranças que estavam todas
registradas no seu celular! Talvez isso explique toda aquela correria, euforia
que fez ele sair em disparada.
Falamos com a dona da Lanchonete, que
prontificou-se a guardar bagagem e moto do VANDER, e então seguimos viagem,
pois naquela altura do dia e do lugar onde estávamos, não nos restava outra
opção. Antes de sairmos, confirmamos nossa rota, pois de Panambi para Brasilia,
existem duas principais rotas: Via Eduardo Magalhães/BA e depois praticamente
uma RETA só até Brasilia (caminho mais rápido), ou poderíamos seguir descendo
pelo Tocantins, adentrar novamente na Chapada dos Veadeiros, e também chegar a
Brasilia. Ambos os caminhos, obrigatoriamente passaríamos por Dianópolis/TO onde
seria mais uma de nossas paradas estratégicas para abastecimento, limpeza e
lubrificação da transmissão. Como queríamos fazer uma caminho mais próximo a
natureza e parar para conhecer o famoso “Rio Azuis” que fica a 26km de Taguatinga/TO,
mais precisamente situado no município de Aurora do Tocantins seguimos do
povoado de Panambi/BA para Dianópolis (60kms) ainda em estrada de terra/areia.
Agora somente RAFAEL e eu, em um ritmo forte, aceleramos aqueles últimos 60kms
de terra e areia em meio a uma estrada diferente de tudo que já havia visto na
vida. Uma estrada com plantações de soja de ambos os lados, sem nenhuma placa,
civilização, veículos, simplesmente 60 kms de nada no meio do nada. Restava
somente acelerar com força e superar os trechos pequenos, mas de bastante areia.
Como estávamos andando acima dos 100km/h superávamos os trechos de areia com
mais suavidade e a sensação de superação e adrenalina contagiava nossos
espíritos! Foi uma experiência gratificante estar ali, e tão logo percebemos já avistávamos ao final do horizonte o que há dias não tínhamos mais embaixo dos
pneus, ASFALTO!!!! Assim que toquei o solo asfaltado, senti que ali tinha
completado mais um ciclo de aprendizagem de minha vida, pois nos últimos dias
havia rodado nos mais difíceis tipos de terreno que um bom aventureiro gostaria
de enfrentar, e passar tudo que passamos e chegar até ali, pra mim, um
aprendiz, foi com certeza uma imensa recompensa. Paramos ali, tirei algumas
fotos, ajoelhei e agradeci a Deus, por ter superado o Jalapão sem levar sequer
uma queda! Sei que faz parte comprar um terreno no Jalapão, mas não foi desta
vez! Quem sabe numa próxima, pois cair também faz parte do aprendizado!
Extremo oeste da Bahia
Inicio das estradas de ASFALTO!
Seguimos
então até Dianópolis/TO, cidade já com estrutura completa, paramos para
abastecer, limpeza de correntes..etc. Seguimos em direção a Taguatinga/TO por
estradas asfaltadas, mas tranquilas, quase sem movimento, cruzando pequenas
cidades e despertando a curiosidade do povo pacato. Depois de 100kms de
Dianópolis, chegamos em Taguatinga/TO onde fizemos novo abastecimento e
confirmamos a rota para o povoado dos Azuis, onde esta localizado o Rio dos
Azuis. A propósito, o Rio dos Azuis é o menor rio do Brasil, com 147 metros de
extensão, e como o próprio nome diz, suas águas são azuis! Saindo de Taguatinga
são 25kms até a entrada do povoado dos Azuis, seguimos por 2 kms até o famoso
Rio. No lugar tem boa estrutura em volta do pequeno rio, restaurantes e
lanchonetes servem peixes e petiscos para os turistas que ali chegam. Tiramos
fotos, fizemos videos, e como o calor era intenso, praticamente pulamos de
roupa e tudo naquela água cristalina e refrescante! Almoçamos, tentei contato com
o VANDER, mas infelizmente não consegui, e estávamos preocupados, querendo
saber se a busca havia sido positiva, e como poderíamos combinar de se
reencontrar.
Rio do "Azuis"
Águas cristalinas e o menor Rio do Brasil
Seguimos viagem, continuamos pelo interior do Tocantins,
adentramos no estado do Goias, passamos por uma rigorosa fiscalização da
Policia Civil do Goias, que na verdade estava mais a procura de veículos
roubados, pois nem quiseram verificar as habilitações, somente os documentos das
motos, e a famosa curiosidade de onde estão vindo, e tudo acaba transformando-se
em um informal bate-papo. Devidamente liberados, continuamos e já quase no
entardecer entramos no trecho de Chapada dos Veadeiros, e pudemos desta vez contemplar
um final de tarde espetacular, com lindos vales, montanhas e verdadeiras
“pinturas”. Lembrando que, quando subimos para o Jalapão pegamos todo o trecho
da Chapada com chuva, neblina e ventos laterais, impossibilitando-nos de
contemplar aquele trecho. A escolha dessa rota para retorno foi um grande
ACERTO, pois valeu a pena cada km percorrido.
Estrada que margeia a Chapada dos Veadeiros
Final de tarde nas proximidades da Chapada
Seguimos pela chapada até o
último raiar do sol, contemplando aquela estrada cheia de beleza, e chegamos em
Brasilia já era noite e havíamos rodado 860kms, para nosso ultimo pernoite até
o retorno para Sorocaba/SP. Nossa conversa no quarto de hotel era, por onde
anda VANDER? Será que conseguiu localizar o celular? Será que dormirá em alguma
cidade? Tentei ligar novamente no celular, pois poderia ter achado, e estar
ligado, mas nada, somente caixa postal. Continuamos conversando e refletindo
sobre toda nossa viagem, e o que tínhamos passado até chegar ali, e de
repente.... "Toc"..."Toc"... Pergunto ao RAFAEL: Você pediu alguma coisa? RAFAEL
responde: - Não! Então, eu abro a porta, já passava das 23:00hs, e pra nossa
surpresa, era o VANDER!!! Foi uma sensação muito boa, reencontrar nosso amigo
aventureiro que saiu em sua busca frenética pelo celular perdido, depois de
860kms e mais de 10 horas de viagem. A diferença de chegada a Brasilia entre
nós e o VANDER foi pouco mais de 2 horas, e descobrimos que ele veio MUITO rápido
pois utilizou a rota de PANAMBI/BA > DIANÓPOLIS/TO > EDUARDO MAGALHÃES/BA
e veio em uma RETA de 500kms de excelente asfalto até chegar em Brasilia. Agora
vamos ao que mais interessa nessa busca frenética do VANDER, ele voltou de
carro os 80 kms até Mateiros e voltaram mais 80 kms até Panambi/BA, mas
infelizmente não encontrou o celular perdido. Parou e conversou com moradores
de Mateiros e Panambi e até fez um apelo em uma rádio comunitária em PANAMBI
oferecendo uma recompensa caso alguém tivesse encontrado o celular, pois o que
mais importava ali eram as fotos e videos de uma viagem inesquecível. Depois da
busca em “vão” e do anuncio na rádio, VANDER seguiu viagem pelo caminho mais
rápido e enrolou o cabo com força nos 500kms de reta até Brasilia. Naquela
última noite ficamos por horas conversando sobre tudo que havíamos vivido até
ali, foi muito gratificante terminar o dia com todos nós juntos ali novamente.
Dia 13/Fev, levantamos mais tarde nesse dia, e
nos reencontramos os 4 aventureiros do Jalapão (Eu, VANDER, RAFAEL e JESUS)
para tomarmos um café da manhã e saber mais detalhes sobre as condições físicas
do JESUS, pois ele havia retornado antes com dores nas costelas. JESUS nos
mostrou o raio-x e o saldo era de 2 costelas quebradas, mas mesmo assim era foi
demais ver a cara de alegria do JESUS mesmo que “avariado” fisicamente, ele
parecia que levantava aquele raio-x como forma de um troféu, uma recompensa por
ter vivido uma das aventuras mais intensas que um bom homem pode viver. O que
fica dessa experiência, é a amizade fortalecida, os lugares o qual passamos e
vivenciamos, tudo isso ninguém nos tira, levaremos conosco esses momentos
intensamente vividos, pois a vida é uma passagem, da qual devemos aproveitar
para fazer o bem e conhecer o que o Mestre de todos os Mestres nos colocou à
disposição. Após essa confraternização em Brasilia, exatamente ao meio dia do
dia 13/fev seguimos de Brasilia para nossas famílias em um trajeto de 1.100
kms, finalizando um ciclo na minha vida, e nas vidas do demais amigos e
companheiros dessa grande estrada, chamada VIDA! Obrigado a todos e até a
próxima!....
Ops! Adivinha o que aconteceu depois de alguns
dias que voltamos do Jalapão??? Uma boa alma entrou em contato com os números
do celular do VANDER informando que havia encontrado o tão procurado dito
cujo!!! Ele não satisfeito, ainda voltou (de 4x4) no Jalapão, ficou mais 1
semana e resgatou o celular mais procurado de toda América Latina!!!!! Agora
sim temos um final completamente FELIZ!!!
Forte Abraço,
Eunapio Neto (NETO-SOROCABA)